Ixé, inché ou eran axé é o nome da comida ritual votiva, oferecida a todos orixás da cultura afro brasileira denominado de candomblé.
Este alimento ritual é um dos mais sagrados e importantes para o povo do santo. Preparado com " miúdos " entranhas e extremidades dos animais sacrificados nos rituais de oroeje, podendo ser cozidos ou não, a depender da vontade do orixá e temperado com cebola, sal e camarão seco ou com outros temperos como lelecun, bejerecum, aridan, obi, atarê, orobô, etc., tudo consultado previamente no oraculo do merindilogun.
Aridan, àrìdan ou aridam é o nome de uma arvore de origem africanas, cultivada no Brasil que produz frutos com o mesmo nome, seu nome científico é tetrepleura ou tetraptera
Fava de aridan como é chamado pelo povo de santo é um fruto sagrado "ewe orixa" que entra na maioria dos rituais do candomblé, principalmente nos ritos de odu ejé, sasanha, abô e assentamento de orixá como exu,ogum, obaluaye, oxum, xango e outros a depender do oro axé.
No sentido de proteger o terreiros e os filhos de santo contra as mazelas e feitiços, são colocadas favas de aridan em quase todos os ibas orixás e na preparação de pós, chamados de pó de pemba, efun ou atin e soprado pela iyamorô ou iyalorixa em todo compartimento do ile axé.
Este mesmo vegetal tem o mesmo nome na África e um vasto uso nos rituais, principalmente em trabalhos benéficos para combates de bruxarias praticadas pelas feiticeiras africanas (Ìyàmi), principalmente para livrar pessoas que estão sobre efeito malévolo dessas entidades " trabalho para enlouquecer alguém ", ou mesmo na iniciação para tornar-se Ìyàmi.
- Folhas sagradas, Ewé Orò ou Folhas de Orô é como são chamadas as folhas, plantas, raízes, sementes e favas utilizadas nos preceitos e cerimônias como água sagrada
- Odu ejé, orò odún kéje ou odum ejé são nomes pertinentes a obrigação de sete anos, que pode ocorrer a partir dos sete anos de feitura de santo de um elegun, iaô ou outro iniciado, desde que estes tenham pago suas obrigações de um (1) ano odú Kíní e três anos odú kétà.
- Esta obrigação é uma das mais significativas e importantes na vida de um iniciado, pelo fato de marcar um novo ciclo, adquirindo posição ou status na hierarquia familiar do candomblé, pois é um rito de passagem de iaô para ebonmi.Dependendo do espírito de iniciativa, liderança e aptidão, que esta pessoa tenha no ciclo de convivência do povo do santo, pode ser pronunciada a comunidade, pelo seu babalorixá ou iyalorixá a continuar no ile axé de iniciação, agora como sacerdote ou sacerdotisa, ocupando cargos como iamorô, iyalaxé, sarapembê, iyaefun etc. Ordinariamente se ouve dizer que " fulano de tal " recebeu o cargo na obrigação de sete anos.Neste sagrado ritual, o novo ebonme estará apto também a tornar-se um Babalorixá ou Iyalorixá para fundar o seu próprio ile axe, dependendo da confirmação no jogo de merindilogun consultado previamente. Daí a obrigação de Odu Ije como é chamada mais popularmente, Odu Èje (referente ao número 7 - Èje) é programado e feito com outro ritual chamado de Oyê.
- Sassayin, Sassaim ou Sasanha é o nome que se dá ao ritual do candomblé para retirar a energia vital das folhas e extrair o seu sangue (sumo), " Sangue de origem vegetal ", no sentido de purificar e alimentar os objetos sagrados e o corpo dos iniciados, possibilitando o equilíbrio e a renovação das energias. O orixá Osanyin dono dos segredos de todas as folhas é saudado em todas as cantigas .O ato de cantar as folhas sagradas ou rezar as folhas, com cantigas específicas para cada folha, reconhecidas pelo nome da folha (ewe) e seu conteúdo que é o atributo da folha, utilizado principalmente na preparação do abô, chamada de água sagrada na feitura de santo
- .Água sagrada, Agbo ou simplesmente Abô, são os nomes usados pelo povo do santo para denominar a mistura de folhas sagradas, usada na feitura de santo até a ultima obrigação chamada de axexe.Sua utilização é larga e irrestrita, significando principalmente a ligação entre o Orum e Aiye (mundo dos Orixás e o dos Homens). Proporcionando o fortalecimento físico e espiritual, prevenindo e até mesmo curando certos tipos de doenças, segundo alguns estudos. (Barros 1993:81). Também usado na sacralização de objetos como fio de contas, igba orixá e espaços sagrados.Sua preparação é complexa, com ritos que pode durar até sete dias. A presença de um Babalorixá e de um Babalosaim é indispensável para sua confecção, pois neste ato litúrgico são exaltados os cânticos de sasanha.Além de respeitar horários para a colheita das 16 folhas sagradas, sendo oito tipos de folha chamada "fixas" (Ewe Oro) e 8 tipos de folhas "variáveis" (Ewe Orixás), de acordo com o Orixá que se esteja trabalhando, são utilizados, obi, orobo , azeite, mel e até mesmo (Ejé) sangue de animais sacrificados, entrarão nesta misteriosa mistura, tão importante para esta cultura também denominada como Jêje-Nagô.Ewe oro e Ewe Orixás são folhas sagradas pertinentes a cada terreiro, podendo variar de acordo com sua regência, todavia são escolhidas ou herdadas de forma ordenada, geralmente seguindo um equilíbrio: folha gún (excitante “quente”) , seu significado em nagô é “chama transe”, associada com uma folha èrò (calma “fria”), que é catalisadora da propriedades de outras plantas, formando assim uma parceria perfeita, para uma sintonia harmônica .As folhas gún ou èrò podem ser macho (agboro) ou fêmea (Yagbá). Na realidade o que distingue sua associação são as formas, se pontiagudas são consideradas masculinos se arredondadas femininos, todas elas tem o domínio do Orixá Osanyin.
Galeria
Algumas imagens de folhas que entram na preparação da água sagrada.